Esta é considerada uma obra mestra de Averróis. Escrita por volta de 1180 d.C., nela são apresentadas as linhas principais de sua filosofia, como a refutação da condenação da filosofia por Algazel e duras críticas a Avicena e a Alfarabi por terem minimizados as grandes diferenças entre Aristóteles e Platão. Averróis percebeu que muito dos argumentos de Avicena e Alfarabi tinham interesses teológicos em questão, mas também, percebeu que restaurar o aristotelismo autêntico era excluir da filosofia o que nela melhor se harmonizava com a religião.
Muitas de suas críticas se referiram mais propriamente a Avicena. Algumas delas foram, por exemplo: por este ter incluído a existência do Primeiro Motor na Metafísica e não na Física como queria Aristóteles; por ter causado confusão entre o um transcendental e o um numérico; por afirmar que do um só pode proceder o um, por considerar a existência como acidente da essência; por afirmar que os corpos celestes possuem faculdade imaginária; e por considerar a influência das formas separadas sobre as coisas engendradas.
Já a Algazel, Averróis considerou que este assim como outros filósofos muçulmanos, se serviam muitas vezes de argumentos dialéticos, prováveis e retóricos e não demonstrativos. Ele comenta, por exemplo, de que Algazel, ao acusar os peripatéticos de dizer que Deus não conhecia os particulares, não compreendeu que a maneira pela qual Deus conhece é diferente da maneira pela qual nós conhecemos. Assim, ele acredita que o verdadeiro discurso do filósofo só pode ser o demonstrativo como o escrito no livro dos antigos.
Referência: Ibn Rusd, o reformador. IN: ATTIE FILHO, Miguel. Falsafa: a filosofia entre os árabes: uma herança esquecida. São Paulo: Palas Athena, 2002, p. 300-332.
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