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Filosofia no Islã Medieval

Fim de papo

     Galera, hoje terminamos por aqui o nosso blog. Esperamos que vocês tenho gostado e se interessado um pouco mais pela filosofia de Ibn Rusd, ou melhor, Averróis. Buscamos expor ao máximo seu pensamento tendo em vista a pouca bibliografia que conseguimos obter. Agradecemos a todos os que nos ajudaram na realização desse blog.
     Gostaríamos de chamar sua atenção também para outros filósofos medievais que também estão sendo discutidos por nossos colegas. Aqui ao lado há uma barra onde estão os nossos “Blogs Amigos”.
     Caso você não consiga mandar comentários para o nosso blog, mande então através do nosso e-mail: averrois.filosofia@hotmail.com
     Terminamos nosso blog com um dos pensamentos de Averróis, contido no seu “Comentário médio sobre a Física”:
“[…] Isso que escrevemos sobre esses temas, só o fizemos para fornecer a interpretação no sentido dos peripatéticos, a fim de facilitar a compreensão aos que desejam conhecer essas coisas. Nosso objetivo foi o mesmo que o de Algazel em seu livro 'Maqasid', pois, quando não se aprofunda a opinião dos homens em sua origem, não se sabe reconhecer os erros que lhes são atribuídos, nem distinguir disso o que é verdadeiro […]”
Até breve!
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Curiosidades

    A primeira curiosidade é que a maioria dos originais das obras de Averróis se perderam no tempo ou foram queimados. Quando ainda era vivo, Averróis presenciou o emir Al Mansur ordenar a queima de suas obras. O que se salvou foi apenas copias que foram traduzidas primeiramente para o hebraico e depois para o latim.
    A segunda curiosidade é que segundo estudos, Averróis praticamente não teve discípulos e seus ensinamentos foram gradativamente sendo desprezados e esquecidos no mundo islâmico. As maiores influências de seu pensamento podem ser vistas nos pensamentos de filósofos como Maimônides e São Tomás de Aquino.

Referência: Ibn Rusd, o reformador. IN: ATTIE FILHO, Miguel. Falsafa: a filosofia entre os árabes: uma herança esquecida. São Paulo: Palas Athena, 2002, p. 300-332.
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Revelação, demonstração e injustiça

     Aceitar a ideia de que Averróis ficou mais do lado da filosofia, ou mais do lado da religião, é tentar ignorar suas incessantes tentativas de conciliá-las. Podemos ver que muitas foram as vezes que ele tirou conclusões racionais até as últimas consequências e ao mesmo tempo aceitou a ideia de existir verdades que só a revelação poderia oferecer.
     É através desses dois modos de apresentar a verdade que Averróis desenvolveu seu trabalho, mostrando “[…] que a busca da demonstração pode ir ao encontro da própria revelação […]”. Como diz em uma passagem do Alcorão:
“[…] os enviamos com as evidências e os livros. E a ti revelamos a mensagem para que esclareças os humanos, conforme o que foi revelado, a fim de que meditem […]”
     Entretanto, suas tentativas de apresentar a verdade através da revelação e da demonstração como uma só, ao entrarem em contato principalmente com o mundo cristão, foram de certa forma mal interpretados. Isso levou a acreditar que ele havia descrito duas verdades distintas (a filosófica e a religiosa), causando um bombardeio de ataques dos teólogos. Hoje, Averróis é visto como uma das figuras mais injustiçadas, não só no campo da filosofia, mas também no campo pessoal.

Referência: Ibn Rusd, o reformador. IN: ATTIE FILHO, Miguel. Falsafa: a filosofia entre os árabes: uma herança esquecida. São Paulo: Palas Athena, 2002, p. 300-332.
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Exotérico e esotérico

     Em seus estudos, Averróis constatou que os textos religiosos possuíam dois sentidos básicos de compreensão: o primeiro seria o sentido literal ou sentido exotérico que seriam as figuras que representariam as coisas significativas; e o segundo seria o sentido oculto ou esotérico que seriam as coisas significativas.
     Averróis percebeu que, se só há dois sentidos básicos de compreensão, então o primeiro sentido seria apreendido pela primeira classe de homens (a grande massa) e o segundo sentido pela terceira classe (filósofos). Assim a segunda classe (dos teólogos) seria desnecessária para as outras classes, pois serviriam apenas para semear a discórdia no Islã, visto que não apreendem o sentido correto das coisas por estarem presos aos dogmas. Assim, seria apenas necessário existir duas classes, a dos ignorantes e dos sábios, cabendo aos filósofos a tarefa de formular as interpretações justas que a fé verdadeira exige.
     A Lei Divina só seria então acessível a todos os homens, tendo em vista que, ela precisaria possuir os três tipos de argumentação: demonstrativa, dialética e oratória. Assim, para alcançar o maior número de simpatizantes, os métodos utilizados pela Lei Divina deveriam ser de concepção e assentimento comum da maioria das pessoas. Mas, caso haja a necessidade de interpretação, a verdade só seria alcançada pela demonstração por meio do silogismo.
     O uso dos métodos da filosofia conduziriam então a uma afirmação da revelação da Lei Divina. Quando a demonstração e a revelação levavam a mesma resposta não haveria portanto problemas, mas, se elas levavam a respostas diferentes, o ocorria era apenas uma desacordo entre os dois sentidos (exotérico e esotérico). Neste caso, bastava o filósofo recorrer a hermenêutica segundo os princípios da demonstração.

Referência: Ibn Rusd, o reformador. IN: ATTIE FILHO, Miguel. Falsafa: a filosofia entre os árabes: uma herança esquecida. São Paulo: Palas Athena, 2002, p. 300-332.
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Filosofia X Religião?

     Em suas obras é possível perceber a constante relação entre religião e filosofia. Averróis acreditava que as duas tenderiam a se completar e não a se opor, visto que ambas buscam conhecer a verdade e atuar conforme ela.
     Na obra “Fast al-maqal” (Tratado decisivo sobre o acordo da religião e da filosofia), Averróis busca, a partir do ponto de vista religioso, explicar se o estudo da filosofia deveria ser permitido ou não pela lei religiosa. Ele entende que só é possível conhecer o Autor do universo pela busca do mais perfeito conhecimento das coisas do universo. Assim a lei religiosa convidaria o homem para a busca desse conhecimento e a filosofia seria a argumentação racional desse conhecimento.
     Assim, a reflexão sobre o universo pela especulação racional seria realizada somente através da forma mais perfeita do silogismo racional que seria a demostração. Mas, seria preciso inicialmente conhecer as diversas formas de silogismos e suas condições. Para isso, Averróis considerou que seria indispensável a qualquer homem que se dispusesse a almejar o conhecimento, conhecer primeiro o que os antigos, sejam muçulmanos ou não, disseram, para de seus escritos tirar o que fosse possível ter como verdade.
     Desta forma, Averróis considerou que o estudo dos livros dos antigos seriam fundamentais, pois a intenção em estudá-los seria a mesma que a Lei Divina almejaria. Para ele, o estudo da filosofia deveria ser obrigatório para a busca do conhecimento. Em face disso ele diz:

“[…] E quem proíbe o estudo a qualquer um que esteja apto a fazê-lo, isto é, a qualquer um que possua estas duas qualidades reunidas – em primeiro lugar a inteligência inata e em segundo a retidão legal e a virtude moral – está fechando a porta pela qual a Lei Divina chama as pessoas ao conhecimento de Deus, isto é, a porta da especulação que conduz ao Seu conhecimento, ao verdadeiro conhecimento. Isto seria o cúmulo da ignorância e do distanciamento de Deus Altíssimo. […]”
     Averróis, como poucos, propõe que o acesso ao saber seja assegurado a todos, respeitando-se “[…] as características e os limites de cada um conforme as três classes que identificou entre os homens. […]” Na primeira classe estaria a grande massa da população que deixa-se levar apenas pela retórica. Na segunda classe estaria os homens dialéticos que trabalham apenas com as hipóteses. E na terceira classe estaria os homens de julgamento correto aptos a filosofar.
     Por fim, Averróis ainda coloca três ordens de abordagens da lei divina conforme as três classes citadas. No topo estaria a filosofia (para a terceira classe), em seguida a teologia (para a segunda classe) e na base a religião e a fé (para a primeira classe). Essas três abordagens seriam na verdade graus de intelecção da verdade.

Referência: Ibn Rusd, o reformador. IN: ATTIE FILHO, Miguel. Falsafa: a filosofia entre os árabes: uma herança esquecida. São Paulo: Palas Athena, 2002, p. 300-332.
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Averróis ou Ibn Rusd (Abu Al-Walid Muhammad Ibn Ahmad Ibn Rusd) (1126-1198) é um dos mais importantes filósofos islâmicos medievais. Estudou além de filosofia, medicina, direito islâmico, astronomia, teologia, matemática e outras ciências. Ficou conhecido por seus comentários a cerca da filosofia aristotélica travando importantes debates com Avicena, Algazel e Alfarabi. Este blog é um trabalho acadêmico desenvolvido pelos alunos Francisco Iran e Franklin Ferreira do curso de Licenciatura em Filosofia da UFPI.
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Algumas obras

  • "Fast al-maqal" (O tratado decisivo entre a religião e a filosofia)
  • "Kulliyyat al-Tib" (Princípios gerais de medicina)
  • "Paráfrase à Metafísica"
  • "Tuhafut al-tuhafut" (Incoerência da incoerência)

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