Por meio de uma leitura parcial do seu “Fast al maqal” (Tratado decisivo entre Filosofia e Religião), é possível construir uma imagem de Averróis como defensor de um livre pensamento anti-religioso e como um precursor do Iluminismo.
De fato, podemos encontrar uma contradição entre a ação de Averróis ao enaltecer a apreciação filosófica enquanto efetiva forma de atingir o conhecimento quando lemos a obra “Tahafut al-falasifa” (A incoerência dos filósofos) de Algazel, como quando diz que “os hereges devem ser mortos”. Contudo, é preciso compreender que Averróis, além de médico e filósofo, era também um juiz, especialista na lei islâmica. Razão pela qual o tratado tem como propósito a análise do estudo da filosofia e da lógica para verificar se tais estudos são permitidos, proibidos ou exigidos.
A despeito disso, Averróis acredita que esses estudos devem ser proibidos para os crentes comuns, mas, para uma elite de intelectuais, configura-se uma verdadeira obrigação. Ele promove, em “Tahafut al-tahafut” (A Incoerência da Incoerência), uma defesa bem popular da lógica e da filosofia que se dá aos moldes da lei islâmica.
A despeito disso, Averróis acredita que esses estudos devem ser proibidos para os crentes comuns, mas, para uma elite de intelectuais, configura-se uma verdadeira obrigação. Ele promove, em “Tahafut al-tahafut” (A Incoerência da Incoerência), uma defesa bem popular da lógica e da filosofia que se dá aos moldes da lei islâmica.
O argumento de Averróis em favor da lógica relaciona-se à utilidade dela como instrumento para a falsafa (filosofia), sendo esta definida por ele como Deus, o criador; o que faz da filosofia uma teodicéia, a busca pela prova da existência do criador como forma de melhor entender Deus.
Averróis igualmente foi responsável pela aculturação da filosofia aos requerimentos do Islã, resultando em uma mudança na terminologia das palavras traduzidas para o inglês, a exemplo de phylosophy (filosofia). Mudança que da mesma maneira ocorreu pela comparação feita entre os aspectos da lei islâmica e a filosofia, provocando a substituição de “filosofia” (falsafa) por “sabedoria” (hikmat).
Dessa forma, não é estranho afirmar que a contextualização das diversas discussões envolvendo filosofia e religião demanda uma mais apurada compreensão das posições de Averróis.
Referência: DRUART, Thérèse-Anne. Filosofia no Islã. IN: A.S. MCGRADE (org.). Filosofia Medieval. Aparecida, São Paulo. Ideias e Letras, 2008. p.125-150.
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